terça-feira, 7 de junho de 2011

Cult, ou não.

Cult? Uma boa palavra para definir algo que você gosta e não sabe como definir ou justificar. O mais certo é que é um gênero marginal só por não pertencer a nenhum outro grupo cultural estabelecido e também não ser popular o suficiente para tornar-se um.
Em geral, obras cult’s resultam em estranheza por parte de nossas mentes condicionadas e racionais, é por isso que há uma beleza inata nelas e seus apreciadores sabem disso e cultuam mesmo é o seu valor agregado, como a satisfação de um segredo ou de uma piada interna, ou simplesmente por que gostar de algo tão incompreensível para a maioria das pessoas deve ser prova cabal de superioridade intelectual, não importa. De qualquer maneira, é diferente e todos adoram ser diferentes à sua maneira.
Mas curiosamente, convêm lembrar que, apesar da maioria desses filmes cult serem estranhos, nem todo filme estranho é cult.

Morte ao Ego

As vezes peco por autenticidade. Tento inutilmente fugir dos lugares comuns, evitar os clichês, ser eu mesmo, e pra quê? Esse esforço expressivo nunca é reconhecido com bons olhos, e pode ser até muito mal entendido. Além do mais, toda socialização é um campo minado de modelos comportamentais. Como evitá-los? A comunicação humana é complexa como um labirinto. Existem por sorte caminhos pré-determinados a seguir. Pra que inventar e ir às escuras? A previsibilidade é a regra, o caminho mais curto do ponto A ao ponto B. A ironia é que, assim colocado, inovações sócio-comportamentais só podem partir de indivíduos insociáveis. Mas afinal de contas, pra que essa necessidade de se afirmar enquanto indivíduo, construir uma identidade própria? O que sou eu se não a soma das experiências culturais, racionais e emocionais absorvidas pela carga genética? Eu só interesso para mim mesmo. À coletividade pouco importa o indivíduo, à coletividade só o coletivo importa. A busca por identidade é uma busca egocêntrica, a definição e consagração da individualidade um ato narcisista. As vezes peco por autenticidade e isso também é bem clichê.